Os professores nunca têm razão...


Se é jovem, não tem experiência;
Se é velho, está ultrapassado.
Se não tem carro, é um coitado;
Se tem carro, chora de barriga cheia.
Se fala em voz alta, grita;
Se fala em tom normal, ninguém o ouve.
Se nunca falta às aulas, é parvo;
Se falta, é um "turista".
Se conversa com outros professores, está a dizer mal do Sistema;
Se não conversa, é um desligado.
Se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos;
Se não dá , não prepara os alunos.
Se brinca com a turma, é palhaço;
Se não brinca, é um chato.
Se chama a atenção, é um autoritário;
Se não chama, não se sabe impor.
Se o teste é longo, não dá tempo nenhum;
Se o teste é curto, tira a oportunidade aos alunos bons.
Se escreve muito, não explica;
Se explica muito, o caderno não tem nada.
Se fala correctamente, ninguém entende patavina;
Se usa a linguagem do aluno, não tem vocabulário.
Se o aluno reprova, é perseguição;
Se o aluno passa, o professor facilitou.

É verdade, os professores nunca têm razão...

Mas se conseguiste ler tudo até aqui, agradece a eles.

Positronics

Mais uma agradável noite se passou este Sábado no Tambor que Fala, um espaço único na Margem Sul e que vale a pena conhecer. Desta vez assistindo a uma bela e agradável “reggaezada” com os Positronics. Mais precisamente a uma mistura agradável de dub, Reggae e música Electrónica. A energia do vocalista (Janelo da Costa dos Kussondulola) foi incrível contrastando com as poucas pessoas que assistiam. Valeu bem a pena ter passado por lá.

Desmotivação

Hoje é daqueles dias em que apetece mesmo escrever para ver se consigo libertar um pouco da pressão contida. Há dias que sinto uma grande desmotivação a nível profissional. Quem dera que fosse tudo mais fácil… mas a vida, em certos momentos, não é justa. Vou esperar por dias melhores e enfiar de uma vez por todas nesta cabecinha que a vida deve ser contestada de vez em quando.

Sade - Kissing you

Pride can stand
A thousand trials
The strong will never fall
But watching stars without you
My soul cried
Grieving heart is full of pain

Cause I'm kissing you, oh
I'm kissing you, love

Touch me deep
Pure and true
Gift to me forever

Cause I'm kissing you, oh
I'm kissing you, love

Where are you now?
Where are you now?
Cause I'm kissing you
I'm kissing you

Das músicas mais bonitas....

Puzzle


Já acabei o meu puzzle de 2000 peças :o) finalmente. É um exercício que costumo fazer regularmente ao meu cérebro e que resulta bem. A parte menos boa é que deixo de fazer outras coisas de que gosto, por exemplo ler. Agora só falta colá-lo e espetá-lo na parede. Venha outro… acima de 5000 peças de preferência.

Vida de Estudante (Parte II)

Vou voltar a estudar, e que bem que me sinto ao pensar nisso!! Dois anos parada sem me enriquecer intelectualmente fez mossa nos meus neurónios. Sinto-me burra.
Desse modo, decidi tirar uma Pós-Graduação em Educação Especial: Domínio Cognitivo e Motor. Esta é uma área da Educação que ainda não está muito lotada (penso eu...), e como não quero desistir do meu sonho de dar aulas, decidi enveredar por um caminho diferente para poder um dia lá chegar.
Estou muito motivada e como são só 10 meses acho que não vou ter tempo de me enfadar.

Tortura

"Guillermo Habacuc Vargas expôs numa galeria de arte em Manágua um cão vadio que foi buscar a um bairro da lata. Sem água e sem alimentos, o cão morreu, na exposição, à vista de toda a gente.
O cão morreu de fome à vista da frase "tu és aquilo que lês"... escrita com biscoitos para cão na parede da galeria de arte.
Sem esclarecer se o público sabia que o cão estava a ser deliberadamente deixado morrer por inanição, Guillermo Vargas disse pretender chamar a atenção para a hipocrisia das pessoas. "O animal transformou-se em centro das atenções por estar num local onde as pessoas querem ver arte, mas ninguém ligaria se ele estivesse a morrer de fome nas ruas. Ninguém libertou o cão, ou lhe deu de comer, ou chamou a polícia. Ninguém fez nada", disse ao jornal “Nácion”.
Guillermo Vargas foi seleccionado para representar o seu país, a Costa Rica, na bienal de arte centro-americana de 2008, a realizar nas Honduras.
A decisão suscitou fortes reacções e deu lugar a uma petição na Internet, com mais de 92 mil assinaturas, a exigir que Vargas não seja aceite na exposição. Nota: pode-se aceder à petição em:

http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html"

Não consigo comentar esta barbaridade.

O Universo




Segundo uma criança de 10 anos que pelos vistos não percebeu patavina disto:



"O Sistema Solar surgiu por um senhor chamado Big-Bang que largou uma bola de poeiras e gases."
As coisas que animam os meus dias

Onde está a paciência?


A parte mais complicada de se ser professora ou educadora é mesmo ter paciência para aturar os pais. Tanto protegem as criancinhas que as têm todas atrofiadas. Alguns são deveras insuportáveis. Conseguem estragar um dia inteiro de trabalho com comentários descabidos. HAJA PACIÊNCIA PARA ATURAR OS ADULTOS.


Yoga

Tive a minha primeira aulita de yoga!! Aliás Hatha Yoga. Nem me aqueceu nem me arrefeceu. É com certeza mais difícil do que parece, e houve para ali uns exercícios que me deixaram sem folego e a suar.
Mas considero que não me entreguei completamente, o sítio não era muito envolvente e a preocupação de fazer os exercícios e de os fazer correctamente desconcentrou-me. Na parte da meditação fiz tudo menos meditar.
É algo que pretendo voltar a experimentar porque tenho a sensação que irei gostar.


A expressão Hatha Yôga poderia ser traduzida como "yôga da força", pois "hatha", traduzido literalmente do sânscrito, significa "esforço extremo". Mas, se dividirmos as sílabas, encontramos as palavras "ha" (sol) e "tha" (lua), cujo significado é atribuído à busca do equilíbrio das forças solar e lunar, masculina e feminina como objetivo final dessa prática.

Saudade

"Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...

Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caírem todas juntas
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chiou do céu
E enegreceu os caminhos"

Alberto Caeiro
e a sua simplicidade

Percursos Infinitos

Ainda me lembro dos tempos em que passava a viagem inteira a perguntar aos meus pais quantas terras faltavam até chegar à Amareleja. Uma viagem feita vezes sem conta até aos confins do Alentejo, lá bem longe, “lá por trás do sol-posto”. Eram um verdadeiro martírio, num tempo em que as estradas eram bem tortuosas.
Hoje a viagem faz-se em menos de 3 horas, e tão bem que sabe encher a vista com o “mar” do Alqueva. Não consigo deixar de recordar aquela pontezinha, que em tempos era tão alta, (a que ficava a caminho da Fábrica de Reciclagem), e que me dava vertigens ao tentar espreitar o rio que ali jazia morto no quente Verão. Hoje nem vestígios restam, engolida pelo mar sereno a perder de vista.
Na verdade, há por aquelas bandas grandes mudanças, que uns olhos habituados, tantos anos, à secura das planícies ainda não consegue acostumar-se à frescura daquelas margens. Está tudo tão mudado… e até eu.
São rumos que mais parecem nunca ter fim. Ir e vir… ir e vir… são os meus percursos Infindáveis, Infinitos, Ilimitados, Indeterminados…

Diário

Diário é o nome de um livro do escritor Chuck Palahniuk. Para quem não reconhece este nome relembro que foi o autor de um livro chamado “Clube de Combate” que posteriormente viria a ser adaptado para cinema por David Fincher. Confesso que a leitura deste livro deveu-se, essencialmente, por considerar o Clube de Combate um dos meus filmes preferidos, apesar de não ter lido o livro, mas tive curiosidade de perceber a escrita sinuosa deste senhor.
Não que seja um livro fenomenal, é de leitura difícil e o enredo é de loucos. Houve alturas em que me prendeu para logo a seguir ficar com vontade de fechá-lo e desistir de o ler.
No entento ficou a curiosidade de ler "Monstros Invisíveis" e "Asfixia".

"Um romenace que assume a forma de um «diárion de coma» mantido por Misty Marie Wilmot, enquanto o marido jaz inconsciente num hopsital após uma tentativa de suícidio"


«Uma obra loucamente criativa. De uma forma que tem tanto de simplicidade como de exuberância, Diário escapa a qualquer categorização literária.» Los Angeles Times

Consegues sentir isto?

O Mistério da Estrela Cadente

Mais uma noite de cinema e desta vez na companhia de um divertido filme de animação, como já há muito não assistia. Melhor ainda quando se vai quase sem informações nenhumas e com alguma surpresa se encontra um elenco de luxo. Aprovado.

"Tristan (Charlie Cox) é um jovem que parte em busca de uma estrela cadente para conquistar o coração de Victoria (Sienna Miller), o belo mas frio objecto do seu desejo. A aventura vai levá-lo para lá dos muros da aldeia, a uma terra misteriosa e proibida. Nessa viagem, Tristan encontra a estrela, que se transformou numa rapariga atraente chamada Yvaine (Claire Danes). Mas Tristan não é o único a procurar a estrela: os três filhos vivos de Lord Stormhold (Peter O'Toole) e os fantasmas dos seus quatro irmãos mortos, todos precisam dela para chegarem ao trono. Tristan tem também de vencer a malvada bruxa Lamia (Michelle Pfeiffer), que precisa da estrela para voltar à juventude. Enquanto Tristan luta por sobreviver às ameaças, a sua busca muda quando encontra o pirata Captain Shakespeare (Robert De Niro) e o obscruro comerciante Ferdy the Fence (Ricky Gervais): descobrindo o verdadeiro sentido do amor, Tristan tem agora de conquistar para si próprio o coração da estrela."

A filha da solidão

"Na vida tudo chega de súbito. O resto, o que desperta tranquilo, é aquilo que, sem darmos conta, já tinha acontecido. Uns deixam a acontecência emergir, sem medo. Esses são os vivos. Os outros se vão adiando. Sorte a destes últimos se vão a tempo de ressuscitar antes de morrerem."

Mia Couto "Contos do Nascer da Terra"

O livro que desceu do céu

Terminei agora o Livro “O livro que desceu do céu” de Ahmad ‘Abd al-Waliyy Vincendo, centrado em duas personagens: Zayd ibn Thabit e Muhammad (Maomé) o profeta.

É um bom livro para curiosos que pretendam conhecer um pouco mais do Islão e de como este surgiu. Das pesquisas que fiz através da Internet percebi que o livro assenta em factos históricos a ter em conta. Para mim o livro teve bastante interesse histórico, já que sou uma curiosa nata, mas também serviu, certamente, para alicerçar o meu ateísmo. Não escondo a minha desilusão por ter descoberto alguns pormenores do Islão que pensava que não cabiam numa religião: as batalhas, a Jihad, os saques, os Jinn e até mesmos os milagres disparatados… como ateia é difícil de compreender.

“Fundado no século VI, o Islão espalhou-se pelo mundo. Como é que isto aconteceu? Este romance responde a esta questão, descrevendo a história de uma criança e da sua família, assim como o nascimento e os valores de uma religião sobre a qual, como não-muçulmanos, pouco sabemos, uma vez que o Alcorão não é uma leitura simples. O livro descreve também as ligações entre as três religiões monoteístas e considera o islamismo, o judaísmo e o cristianismo como ramos diferentes de uma árvore comum.
Zayd, personagem histórica verídica, vive no grande oásis de Iatrib. Está para chegar a Iatrib um profeta, Muhammad, fugido de Meca e perseguido pelos idólatras: a força das suas palavras e a intensidade da sua fé são já uma lenda. O islamismo floresce no deserto, entre acontecimentos milagrosos e obstáculos que parecem insuperáveis; o oásis (a partir de então chamado simplesmente Medina, a «cidade») está destinado a ser o seu baluarte, defendido por batalhas duras e sangrentas. Zayd também gostaria de combater ao lado dos partidários de Muhammad, mas nesta história cabe-lhe um outro papel: o de transcrever as palavras reveladas ao Profeta no Alcorão, O livro que desceu do céu. Um livro sagrado que originará uma nova civilização, que se torna o modelo de milhares de universidades fundadas nessa época pelos árabes”
http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=160067

Um Coração Poderoso

As sextas feiras à noite são reservadas ao cinema. Desta vez, foi escolhido o filme “Um Coração Poderoso”. Não entendo a razão para este filme não ter estreado na Margem Sul, dizer que é um filme pouco comercial será exagero, e já que aqui chega quase tudo o que é comercial, compreendo ainda menos a sua ausência nas salas aqui perto de casa.
No entanto aqui fica uma pequena sinopse retirada do site da Sic:

“Num vídeo de quase quatro minutos, as imagens que espelham o assassínio do espião-jornalista abriram telejornais de todo o Mundo. Apelidado de judeu pelos raptores, Daniel Pearl foi sequestrado a 23 de Janeiro de 2002, no Paquistão, quando tinha como objectivo entrevistar um suposto líder terrorista. Depois da morte do marido, Mariane Pearl, também jornalista, escreveu um livro que relata as cinco semanas e meia que passaram desde o rapto do jornalista do Wall Street Journal e a confirmação da sua morte. Com realização de Michael Winter-bottom e protagonizado por Angelina Jolie, “Um Coração Poderoso” é uma adaptação das memórias da viúva de Daniel Pearl. O casal tinha ido para o Paquistão para que o repórter investigasse pistas sobre os ataques terroristas do 11 de Setembro. O desaparecimento do jornalista Daniel Pearl aprofundou o debate sobre os perigos e a vulnerabilidade da profissão.”

Não acho que seja um grande filme mas ressalto a interpretação de Angelina Jolie que esteve do mellhor. Fã assumida que sou de Brad Pitt era para mim um filme imperdível já que este, para além de outros, colabora como produtor no filme.

Brincadeira

Aqui vos deixo um verdadeiro Problema de Lógica. Gostava de lançar o desafio a quem se achar capaz de resolve-lo e que depois, em tom de curiosidade, me dissesse a que resposta chegou.

Cinco Casas
Existem cinco casas de cinco cores diferentes. Em cada casa mora uma pessoa de uma diferente nacionalidade. Essas cinco pessoas bebem diferentes bebidas, fumam diferentes marcas de tabaco, e têm um certo animal de estimação.Nenhuma delas tem o mesmo animal, fuma o mesmo cigarro ou bebe a mesma bebida.Pistas:1.. O Inglês vive na casa vermelha2.. O Sueco tem cachorros como animais de estimação3.. O dinamarquês bebe chá4.. A casa verde fica à esquerda da casa branca5.. O dono da casa verde bebe café6.. A pessoa que fuma Pall Mall cria pássaros7.. O dono da casa amarela fuma Dunhill8.. O homem que vive na casa do centro bebe leite9.. O Norueguês vive na primeira casa10.. O homem que fuma SG vive ao lado do que tem gatos11.. O homem que cria cavalos vive ao lado do que fuma Dunhill12.. O homem que fuma Marlboro bebe cerveja13.. O Alemão fuma Winston14.. O Norueguês vive ao lado da casa azul15.. O homem que fuma SG é vizinho do que bebe águaQuestão: Quem tem um peixe como animal de estimação?Nota:Este problema foi escrito por Einstein o qual afirmou que 98% da população mundial não o consegue resolver."

Boa Sorteeeeee

Equador

Acabei de ler há uns dias o livro "O Equador" de Miguel Sousa Tavares, não é um autor que me agradasse muito, até pelo contrário, mas fui levada pelas boas referências em relação a este livro. Não deixei de ficar surpreendida pela forma como este autor escreve, foi mesmo uma boa surpresa.
O Equador é um Romance histórico que se passa essencialmente em São Tomé e Princípe, retrata os últimos tempos da Monarquia Portuguesa no século XX, num tempo em que ainda existia trabalho escravo nas colonias embora se encontrasse já proibido pela lei.
De um poder descritivo absolutamente arrebatador e extasiante. Com descrições tão belas que me fizeram recordar o Eça de Queirós em "Os Maias". Com a diferença de ter gostado mais do "Equador" embora "Os Maias" ser também um bom livro (mas este último foi-me imposto pela escola, o que para mim fez uma grande diferença).
Certamente que este senhor passou a ganhar o meu respeito e admiração como escritor. Para além disso ganhei uma vontade enorme de conhecer essas ilhas perdidas no Equador, com esse terrível clima, de cheirar verdadeiramente a clorofila, de mergulhar naquele mar, de ver as Casas Grandes e as roças. De seguir os trajectos feitos por Luís Bernardo Valença, de sentir a chuva ao final do dia e principalmente de ouvir o obó.
São Tomé e Princípe será certamente um destino de férias que fará parte dos meus planos para o futuro.

FMM de Sines - novamente

Retomo novamente o tema "Festival de Sines", desta vez para partilhar com todos, os artistas que lá descobri. Não sou grande entendida em música mas deixo aqui algumas referências para quem gosta de ser surpreendido.

Rachid Taha - Argélia

Punk-rocker árabe de origem magrebina, emigrou para França com 10 anos. Mistura os ritmos do seu país com uma atitude rebelde típica do punk e cria um som de fusão com forte componente de dança. Estava podre de bebado, fumava cigarro atrás de cigarro mas a partir de certa altura notou-se que o concerto começava a melhorar. Foi um dos melhores concertos. http://www.youtube.com/watch?v=nUbzX3izyw4

La Etruria Criminale Banda - Itália

Grupo constituido por 15 músicos. Tocam música de fusão onde se cruzam tarantelas, música de circo, tangos, ska e swing. Uma verdadeira confusão de sons, vozes vindas do além, muita guitarra, muitos instrumentos de sopro e percussão. Mais uma surpressa agradável. Se não fosse terem tocado às 3h onde o cansaço (sou uma fraquinha) já era insuportável teria curtido muito mais.

Erika Stucky - Suiça

Uma voz vinda dos Alpes, cheia de boa disposição e criatividade. Uma mistura de pop, jazz e sei lá mais o quê, ela própria pediu que não tentassemos classificar a sua música porque não se encaixa em nenhum estilo especifico. Um bom e agradável início de noite, ainda possível de se ver o palco estando sentado porque essa noite o castelo viria a ficar lotado lá mais para o fim da noite.

K'naan - Somália, Canadá

Quando vi o programa do festival de Sines disse "NÃO, HIP-HOP NÃO, por favor" até me sentia triste só de pensar. Tantos artistas e vai-me logo aparecer um hip-hoper na noite em que lá vou estar. O que é certo é que dei por mim a dançar e curtir a música. Um hip-hop com algum reagge e muito diferente do hip-hop americano que passa repetidamente na rádio. Aprovado

Gogol Bordello - Estados Unidos, Ucrânia

ADOREI-OS. Foi o melhor concerto de sempre. Castelo lotado, onde só se pudia pular e mal se mexia o braçinho. Fiquei boquiaberta com a energia de Eugene Hutz. Foi um concerto onde não deu para estar parada, pena tive que tivesse acabado, ficava a noite toda a vê-los e a ouvi-los. Quem puder que os veja em Paredes de Coura. http://www.youtube.com/watch?v=L4YPaVvez-U

Entretanto, apesar de não ter assistido ao vivo, acabei por descobrir um cantor raggae chamado Bitty Mclean muito bom, para quem gosta de reggae aconselho que o ouça.
Trilok Gurtu (percussionista indiano) voltou a Sines, não tive o prazer de o ouvir este ano mas ouvi-o no ano passado, foi dos melhores concertos do ano passado, quem o viu este ano achou o mesmo.

As Intermitências da Morte - José Saramago

O livro começa com a frase "No dia seguinte ninguém morreu" e a partir daí assistimos a um desenrolar de divagações sobre o que é a vida, a morte, a família, a política, o amor, a falta dele, a igreja, a maphia.
É uma excelente critica à sociedade, à sua organização e desorganização, aos políticos dominados e ludibriados pela maphia, a um Rei sem poderes aparentando tê-los e, claro está, não podendo nunca faltar em José Saramago, à igreja.
O livro passa-se num país, sem nome, podendo ser muito bem Portugal, onde a partir do dia 31 de Janeiro às 23h59m se deixou de morrer. De início o encanto por uma vida eterna leva a população a um estado de alegria contagiante. Depressa as agências funerárias surgem a anunciar a sua ruína, assim como os lares de terceira idade, os hospitais e a igreja que perde o seu sentido de existência. Com o tempo as pessoas apercebem-se que os que estão doentes continuarão assim eternamente, num estado de "morte em vida". Este fenómeno levanta questões morais às famílias que têm familiares moribundos em casa e que nada podem fazer por eles. Decidem então levá-los à fronteira mais próxima e assim deixá-los morrer e descansar em sossego.
Num certo momento, a morte, com letra pequena porque é assim que gosta de ser tratada, anuncia publicamente através de um carta lida, por um jornalista, no telejornal nacional, que a partir de então as pessoas passarão a morrer novamente, anunciando essa morte através de uma carta de cor violeta enviada por ela própria utilizando o sistema nacional de correios. “a partir da meia-noite de hoje se voltará a morrer tal como sucedia, sem protestos notórios (...) ofereci uma pequena amostra do que para eles seria viver para sempre (...) a partir de agora toda a gente passará a ser prevenida por igual e terá um prazo de uma semana para pôr em dia o que ainda lhe resta na vida”. É o pânico, por um lado, a vida eterna acabara e os moribundo começam a morrer e por outro o pânico pela ansianda chegada da tal carta cor violeta.
O resto da história, para mim, foi o melhor, não a descreverei aqui não vá alguém ter curiosidade de ler o livro e aqui possa estragar o final maravilhoso e apaixonante que Saramago escolheu para esta estranha história.
À medida que chegava ao final do livro dei por mim a ter sentimentos de pena e compaixão pela morte. Estranho, eu sei, mas Saramago escreveu de tão bela maneira este romance que passamos a ter sentimentos humanos por algo que supostamente não é humano, melhor ainda, é completamente desumano já que a sua função é matar (mas coitada ela não teve culpa da função que lhe deram). E o livro termina "No dia seguinte ninguém morreu"

"Porém, do outro lado da cama, enroscado sobre o tapete como um novelo, dormia um cão mediano de tamanho, de pêlo escuro, provavelmente negro. Ao emnos que se lembrasse, foi esta a primeira vez que a morte se surpreendeu a pensar que, não servindo ela senão para a morte de seres humanos, aquele animal se encontrava fora do algance da sua simbólica gadanha, que o seu poder não poderia tocar-lhe nem sequer ao de leve, e por isso aquele cão adormecido também se tornaria imortal, logo se haveria de ver por quanto tempo, se a sua própria morte, a outra, a que se encarrega dos outros seres vivos, animais e vegetais, se ausentasse como esta o tinha feito e, portanto, alguém tivesse um bom motivo para escrever no limiqar de outro livro " No dia seguinte nehum cão morreu"".

"Muito mais tarde, o cão levantou-se do tapete e subiu para o sofá. Pela primeira vez na sua vida a morte soube o que era ter um cão no regaço."

"A morte dos humanos, neste momento uma ridicularia de sete milhões de homens e mulheres bastante mal distribuídos pelos cinco continentes, é uma morte secundária, subalterna, ela própria tem perfeita consciência do seu lugar na escala hierárquica de tânatos, como teve a honradez de reconhecer na carta enviada ao jornal qe lhe havia escrito o nome com inical minuscula."

Festival Músicas do Mundo de Sines

Não sou muito festivaleira mas descobri há pouco tempo que até gosto de andar com a tenda "às costas" a caminho de Sines.
A primeira experiência foi no ano passado e saí de lá a sentir que aquilo tem algo de especial.
Este ano repeti a façanha e saí de lá com um novo sentimento; para além de aquilo ser especial é-o também viciante. E parece-me que não sou a única a senti-lo. Quem lá vai uma vez não fica indiferente e fica com vontade de voltar.
Mas afinal o que tem aquilo de especial? A lista seria vasta mas acho que descobri que gostava de ser surpreendida. Estou um pouco farta da música que passa repetitivamente na rádio, há muitos poucos grupos que aparecem que eu gosto verdadeiramente. Os grupos que aprecio, aprecio-os há já bastantes anos.
Quando vejo o programa de Sines não faço ideia de quem lá vai actuar, não conheço nenhum artista, e depois acabo por sair de lá com uma lista considerável de grupos que passei a admirar. É isso que aquilo tem de especial, a descoberta.
Como o próprio nome indica o FMM de Sines convida músicos de toda a parte do mundo para actuar, este ano foram 26 paises. A diversidade de grupos é tão grande que no início da noite ouve-se um grupo do Japão, a meio um artista da Índia e no fim um do Mali. Tanto se ouve reagge, folk, celta, percussão, ska, punk, jazz e até mesmo hip-hop.
O curioso é que, por exemplo, eu que destesto hip-hop, dei por mim a ouvir e a curtir K'naan (raper somali). Poque será? Ali não há nada de comercial.
Saí daquele festival novamente inebriada depois de ter assistido ao melhor concerto de todo o festival e da minha vida. GOGOL BORDELLO, procurem e ouçam, mas não há nada que ver ao vivo o Eugene Hutz. Inesquecível, arrepiante, contagiante sei lá... muito bom.

E pronto, para o ano lá terei que estar novamente em Sines, der por onde der.

"É um festival para espectadores-descobridores, cuja identidade se define na qualidade e diversidade do programa apresentado, no charme dos espaços onde se realiza, no espírito único que, com o seu público, foi conquistando aos longo dos anos."
http://www.fmm.com/