Percursos Infinitos

Ainda me lembro dos tempos em que passava a viagem inteira a perguntar aos meus pais quantas terras faltavam até chegar à Amareleja. Uma viagem feita vezes sem conta até aos confins do Alentejo, lá bem longe, “lá por trás do sol-posto”. Eram um verdadeiro martírio, num tempo em que as estradas eram bem tortuosas.
Hoje a viagem faz-se em menos de 3 horas, e tão bem que sabe encher a vista com o “mar” do Alqueva. Não consigo deixar de recordar aquela pontezinha, que em tempos era tão alta, (a que ficava a caminho da Fábrica de Reciclagem), e que me dava vertigens ao tentar espreitar o rio que ali jazia morto no quente Verão. Hoje nem vestígios restam, engolida pelo mar sereno a perder de vista.
Na verdade, há por aquelas bandas grandes mudanças, que uns olhos habituados, tantos anos, à secura das planícies ainda não consegue acostumar-se à frescura daquelas margens. Está tudo tão mudado… e até eu.
São rumos que mais parecem nunca ter fim. Ir e vir… ir e vir… são os meus percursos Infindáveis, Infinitos, Ilimitados, Indeterminados…